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terça-feira, 14 de setembro de 2010

[parte III] Se ideias bastassem...


Ele estaria com o jogo ganho. Pensou, antes de tudo, em conversar. Pessoalmente seria perfeito, caso não houvesse a lembrança do acontecimento anterior. O telefone passou a ser a escolha dele, mas seria tão ruim não poder olhá-la nos olhos. A verdade é que, depois de inúmeras ideias, ele se deu por satisfeito com a situação. Não era a única bela garota do mundo, pois então ele trataria de ficar com outra. Ou outras.
Ela parecia estar ligada a ele. Algum tipo de sintonia proveniente de forças sobrenaturais. Pensava o mesmo. Ficaria com um garoto diferente, já que tantos estão por aí. A sintonia se tornava ainda mais clara pelo fato de que ela também pensava nele, sonhava com ele e respirava ele.
Ela nunca iria passar pelo mesmo constrangimento da outra semana. Era uma promessa e se cumpriria. Contudo, sabia que não resistiria uma iniciativa vinda dele. Ela sabia que isso estava prestes acontecer.
Mas não havia ele desistido? Só até a quinta-feira, quando ela amarrou o cabelo bem no alto da cabeça, de um jeito improvisado aparentando leveza, para poder ver de perto os bacilos que estavam sob as lentes do microscópio na aula de biologia. Naquele laboratório cheio de produtos inflamáveis e mal cheirosos, estava ele a pensar, como poderia ser tão marcante aquele perfume. O dela, é claro.
Não resistiu, no ato do sinal tocar ele levantou-se depressa. Um grande fluxo levava todos no sentido da cantina. Antes que ela saísse de uma vez de vista, ele puxou-a pelo braço. Não brutamente, devem imaginar, mas de um jeito forte o suficiente para que ela ficasse.
O jogo estava invertido. Havia ainda mais tensão do que na primeira vez. Os sintomas que eram dela, ele passara a sentir antes mesmo de qualquer palavra ou gesto. Não ouvia palavras e o mundo girava lento. A única coisa que ele conseguia acompanhar era a respiração dela que já começara a ficar impaciente.
Ele arriscou algumas palavras, mas só se ouviram monossílabos sem sentido algum. A mão passando sobre os cabelos deixava ainda mais clara a insegurança. Ela apenas sorria. Ele percebeu que não teria como recitar nenhum dos versos ensaiados. Pensou em desistir, seria covardia demais. Estava perdido naquele laboratório. Olhou para os quadros, alguns esquemas interessantes. O rosto vermelho, os lábios vibraram. E então disse: "Eu te amo."


***CONTINUA***

Um comentário:

  1. amiga, que lindo *-* chorei, me imaginei nisso tudo! kkkkkkkkkkkk né :( VOCE ESCREVE MUITO, invejei ♥

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